Mesas do Castelinho – Dar voz a um património que ainda vive na memória e na paisagem

No alto de Santa Clara-a-Nova, em Almodôvar, existe um lugar onde a história parece nunca ter terminado. O Sítio Arqueológico das Mesas do Castelinho é um dos mais relevantes vestígios da ocupação romana no sul de Portugal, com raízes que remontam à Idade do Ferro. Mas como transformar um espaço arqueológico num ponto de encontro entre gerações, saberes e visitantes? Foi com esse desafio que a Câmara Municipal de Almodôvar nos convidou em parceria com a Overshoot Design para criar um projeto de comunicação que tornasse o Castelinho mais acessível, mais presente e mais ligado à comunidade que o rodeia.

o desafio

Não se tratava apenas de sinalizar ou divulgar um sítio arqueológico.

A missão era maior:

Criar uma identidade visual com alma, capaz de refletir séculos de história num olhar contemporâneo;

Envolver a comunidade local, especialmente os mais novos, na apropriação e valorização do património;

Reforçar a experiência de visita, através de suportes informativos, visuais e lúdicos;

Dar ao Sítio Arqueológico das Mesas do Castelinho uma presença física e digital, promovendo-o como destino cultural e educativo.

o processo

Identidade com raízes profundas

Partimos de um objeto real: uma cabeça em terracota da Idade do Ferro, encontrada no próprio sítio. A partir daí, criámos uma identidade visual que respeita a origem e olha para o futuro. Inspirámo-nos em elementos arqueológicos, nas silhuetas humanas encontradas no local, nas linhas do território e nas camadas da sua cronologia histórica.

– Cabeça humana de terracota (Idade do Ferro) que combina a influência mediterrânica – cabeça calva e sem barba – e matriz céltica – olhos redondos e frontais e nariz quase inexistente.

O resultado? Um logotipo que não é apenas visual, é narrativo, simbólico e profundamente enraizado no local.

Mascote “Homem-Lagarto” – uma lenda com rosto

Uma das figuras mais enigmáticas da tradição local é o Homem-Lagarto, um guardião mítico do Castelinho. Para o dar vida, desafiámos as crianças da região a desenharem a sua visão desta personagem. Os seus traços foram a base para a criação da mascote oficial: metade homem, metade lagarto, com roupas ricas em detalhes e um lenço como elemento distintivo.

– Proposta gráfica do “Homem-Lagarto”.

Mais do que uma figura simpática, a mascote tornou-se um elo entre a história e a imaginação, aproximando os mais novos do património de forma lúdica e participativa.

Sinalética

Criámos um sistema completo de placas direcionais e painéis informativos, com atenção à clareza, à durabilidade e à integração no ambiente natural. O conteúdo foi trabalhado para equilibrar rigor arqueológico com linguagem acessível, tornando a visita mais intuitiva e enriquecedora para os diferentes públicos.

    – Painel informativo.

    Materiais gráficos e editoriais

    Do mapa ilustrado ao desdobrável explicativo, passando por um caderno de atividades para crianças, cada peça foi desenhada de forma modular e com adaptabilidade ao formato. O design valoriza a imagem e permite atualizações simples, garantindo longevidade e dinamismo ao conjunto.

    – Desdobrável com mapa ilustrado, “Mesas do Castelinho – Território envolvente”.

    – Desdobrável “Mesas do Castelinho”.

    – Caderno de atividades para criança.

    Merchandising

    Para prolongar a experiência de visita, desenvolvemos uma linha de produtos promocionais coerente com a identidade visual do espaço. Pins, ímanes, canetas, fitas e t-shirts foram produzidos com cuidado nos detalhes, pensados para serem úteis, duráveis e sustentáveis.

    Vídeo de apresentação

    A história ganhou também vida em formato audiovisual. Com imagens aéreas, planos de detalhe dos achados arqueológicos e momentos da mascote em ação, criámos um vídeo envolvente, pensado para diferentes plataformas, do local físico às redes sociais e ao site do município.

    o resultado

    O projeto deu ao Mesas do Castelinho uma nova voz, mais clara, mais envolvente e mais próxima.

    Entre os impactos mais visíveis, destacam-se:

    Aproximação entre comunidade e património: com especial destaque para a participação das crianças na criação da mascote, reforçando o sentimento de pertença.

    Maior acessibilidade e compreensão histórica: graças à nova sinalética, aos conteúdos informativos e à abordagem visual integrada.

    Experiência de visita mais rica e completa: unindo informação, descoberta e diversão, sem comprometer o rigor científico.

    Valorização e promoção do território: tanto a nível turístico como educativo, posicionando Almodôvar como referência na preservação e ativação do seu património.

    Este projeto é a prova de que a comunicação quando feita com propósito, proximidade e sensibilidade pode transformar um sítio arqueológico num espaço vivo, que liga passado, presente e futuro através das pessoas que o visitam e das histórias que ali permanecem.

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